AMOR INCONDICIONAL
A nova vida que temos em Cristo implica em mudança de comportamento, mudança de valores e mudança no estilo de vida. Há uma restauração na alma levando para uma transformação na maneira de pensar. Através dessas mudanças há um novo sentido no viver, pois se muda a maneira de agir e, naturalmente, a forma de viver, o que se reflete diretamente no convívio com o próximo. “É preciso que o coração e a mente de nos sejam completamente renovados” (Ef.4.23), “Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz O irmão” Pv.17.17.
Haverá no viver de cada pessoa, em um momento de necessidade de buscar um apoio humano, podendo vir da família, dos amigos ou de profissionais. Essa necessidade é evidenciada nos momentos de sofrimento quando as pessoas são afetadas por completo, pois pode ocorrer em dimensões social, familiar, física, emocional e espiritual. O sofrimento é um problema universal que afeta a vida das pessoas em todos os níveis.
Quem não já passou por essa vida e não viveu. Pode ser mais, mas sabe menos do que eu. Porque a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu”.
“O valor do sofrimento não está na dor que acarreta, mas no que o sofredor faz com ele,” A Cruz de Cristo”).
Não é possível passar pelo sofrimento e retornar ao estado anterior ao trauma, sempre haverá as marcas e cicatrizes. a ferida vai sarar, vai criar casca e não mais sangrar. O processo é possível e muito doloroso. Porém, não se é resistente sozinho, há a necessidade do cuidado de um amigo, um irmão.
Em meios as nossas “batalhas” interiores, nossos momentos de dores e hostilidades, depois de compreendidos, seremos capazes de viver uma espiritualidade de forma genuína voltados às necessidades dos outros. “Ninguém pode ‘fazer’ sentido em lugar de qualquer outra pessoa, mas podemos ser um elo”.
O amor por outras pessoas exige um relacionamento diferente daquele proposto pela nossa sociedade, não se coadunam com a dimensão espiritual. “Deus ama porque ama! O amor entre as pessoas também deve refletir tal sentido: amar o outro pelo que ele é, sem demandas; quando se ama o outro pelo que ele pode retribuir; então não se ama ele, e sim a si mesmo”.
O amor de Deus vertical está concentrado na relação com Deus. O amor horizontal é amar um aos outros.
O que falar do amor… Amor é um sentimento de pessoas imperfeitas. No livro de Gen.1, 26 está escrito que: “Deus fez o homem à sua imagem e semelhança..” e para saber o que é ser imagem de Deus é necessário primeiro saber que é Deus. Em I João está a resposta para esta indagação : ” DEUS É AMOR” ( I Jo. 4,8). Ser imagem de Deus é SER AMOR, e este amor nos tornando semelhante, parecidos com Deus e nos faz imitadores de Deus.
Por isso, Paulo em Efesios 5, 1 nos ensina: “Sede pois imitadores de Deus como filhos muito amados”. Esta verdade nos foi revelada plenamente no Novo testamento, juntamente com o mistério da vida intratrinitária: DEUS É AMOR. Portanto, o homem vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor.
Na verdade, só Deus é Santo. Ninguém Mais. Quando o profeta Isaías viu os querubins prostrados perante a majestade divina, disse: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus …( Is.6,3)
Então, para sermos santos, temos de nos tornar, tanto quanto possível, parecidos com Deus.
Deus é amor criativo de amabilidade: não ama um ser porque seja amável, mas fá-lo amável porque o ama; fá-lo existir amando-o.
O amor divino é um autêntico abrir-se ao outro, mas o homem tem necessidade de ser despertado pelo amor para ser amável. Criando-o à Sua imagem (Gn.1,26) Deus inscreve no homem e na mulher a vocação, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão.
O amor é, portanto, a fundamental e originária vocação do SER HUMANO.
Todo o sentido da própria liberdade é orientado ao dom de si na comunhão e na amizade com Deus e com os outros.
Amar é, pois, a nossa vocação primeira . Desde a profundidade de nossa natureza fomos estruturados e arquitetados com esta finalidade. Quem não ama desintegra-se interiormente. Todos precisamos e necessitamos amar.
Muitos temem amar, e é o medo de muitos, serem amados. Cada um de nós sabe que amar alguém pode causar a sensação de fragilidade e dependência.
A presença do outro torna-se vital e a possibilidade de ser abandonado, fica tão ameaçadora, que muitas pessoas optam pela saída mais fácil que é a de sabotar a possibilidade de viver um grande amor.
O medo de amar é , uma erva daninha, que corrompe o coração da maioria das pessoas que vive se queixando de solidão. Esse medo faz com que as pessoas arrumem desculpas e justificativas para explicar as suas inseguranças. O medo de amar faz parte de muitas vidas.
Negá-lo ou sair para respostas fáceis é o que menos resolve.
O amor se impõe como condição de equilíbrio e sanidade mental. A pessoa pode, portanto, ser capaz de um tipo de amor superior: não o amor da concupiscência, que vê só objetos com que satisfazer os próprios apetites, mas o amor da amizade e oblatividade, capaz de reconhecer e amar as pessoas por si mesmas, sem nada esperar delas.
É um amor capaz de generosidade, à semelhança do amor de Deus, querer-se bem ao outro porque se reconhece que é digno de ser amado. É um amor que gera a comunhão entre as pessoas, visto que cada um considera o bem do outro como próprio.
Existem muitas formas de demonstrar amor. Assim, encontramos o Amor Divino que tem Deus como objeto direto. O amor dos pais pelos filhos, o amor entre irmãos, ao amor de amizade, o amor dos que se dedicam aos doentes, aos desamparados, aos marginalizados, etc.
Encontramos ainda o amor daqueles que renunciaram ao casamento, para ampliarem até o último limite o leque da doação. Há uma confusão muito grande entre amor verdadeiro e um produto similar, chamado de - amor de troca - uma conduta usada como moeda, para comprar determinados comportamentos do OUTRO.
Exemplo típico é a eterna cobrança : “Eu sempre cuidei de você, agora que preciso, não o tenho comigo” É preciso entender que, o amor cresce dentro de nós e nos impulsiona a estar com o outro. Quando estamos em estado de amor, torna-se inevitável agirmos de forma amorosa.
O Amor é um convite para a felicidade. Quando numa relação uma pessoa se sente amargurada, deve refletir cuidadosamente, pois o amor impulsiona para a vida.
Sentimo-nos vivos e em sintonia com Deus, que é amor.
Amar não é viver assustado, procurando SABER o que o outro quer, para obter sua aprovação, ou temendo o seu mau humor. O sentimento do amor nos dignifica e nos dá a verdadeira dimensão do nosso valor; faz-nos sentir que pertencemos à raça humana e que não somos simplesmente meros complemento um do outro.
Amar não é ficar esperando que o outro, sinta-se devedor de nosso sentimento. O amor nos proporciona uma sensação de gratidão para com a existência; um sentimento de sermos abençoados por Deus. E, em retribuição, somos levados a cuidar desse amor.
Ora, ninguém pode “optar pelo AMOR”, ninguém amará, se não souber o que é o AMOR. Em Lucas 10, 30-37, Jesus nos dá um caminho pedagógico do que é amor. É a citação do bom Samaritano.
Aqui está um problema crucial:
Por que só o Samaritano AMOU ?
Por que o sacerdote NÃO AMOU ?
Por que o Levita NÃO AMOU ?
Sabemos fazer o que é preciso ?